3º concurso (poesias)

3º Concurso aLUAdos de poesia
tema: "O Futuro"
dezembro 2011
todos os 6 poemas a seguir foram eleitos vencedores, não havendo classificação de 1º, 2º, 3º lugares...

Futuro precoce
(Monólogo do punheteiro)
Fabrício Sapin

O tempo, este cretino,
Se masturba com os ponteiros da minha vida.
Ejacula seu futuro precoce, na cara
Do meu presente retardado.
Enquanto os deuses defendem a
Heterossexualidade do tempo,
Eu tenho certeza absoluta,
De que o meu é viado.

Eu vejo o tempo, como se fosse uma punheta;
O passado é a inspiração, o presente
É o mecanismo constante do movimento
E o futuro é um grande orgasmo,
Rápido! Porém grande.
O problema todo, é que quando a gente goza,
A gente goza, toda uma experiência que nunca viveu.

E quando se abre os olhos para a vida,
Se descobre que o futuro
É um banheiro, sujo, úmido é fétido.
O futuro é nostalgia, o futuro é solidão...
E tudo aquilo que a gente viveu.
Tudo que a gente sempre acreditou,
É uma grande mentira!

Afinal de contas, enquanto
Os deuses falam sobre sexo,
Quem sempre toma c... é a gente


Urismo uro
(Juliano Kibe)
Fut puro.
Sonho, desejo, vontade, busca, anseio, seu seio.
Fut muro.
Medo, prisão, solidão, asilo, fim do mundo, do meu
Mundo.
Fut puro.
Tec high nologia, analogia, hipertrofia de titânio.
Fut ouro.
Capitalismo, euforia, covardia, destruição, lucro tolo.
Fut Urismo.
O mesmo do passado que se fez presente.
Fut uro
Incerto.


Rumo à evolução
(Byanca Talarico de Araújo)
Dilacera-me o cárcere
Carcaça encarcerada
Matéria já inanimada
que a Terra pariu e
mais adiante engolirá
Fluxograma cíclico
Que a desvirtude viciosa afinca
Estaticamente engaja a roda
E gira...
Depois do declínio na horda
Transcende Afrodite
Inexorável fluidez, emoção que envoca
E faz desprender do espectro do passado


O Futuro do Muro
(Cristiano Daniel Abritta)

O futuro é bastante duro.
E nos imprensa no muro.
Por mais conhecido que seja.
É um caminho no Escuro.
Esse é o futuro.
Da cidade e do muro.
Do Caminho no Escuro.
Do incerto e do inseguro.
Do homem, do rato.
Do gato e do muro.
E para tudo que seja.
Eis o futuro.


o futuro
             (andré)

eu sou um homem que não pisa no chão
morri na alma de ícaro
com asas disformes
duma tela de picasso

sou um homem prometeu
tenho o fígado no bico do abutre
e mesmo um enigma
um asno de buridan
espero por um futuro
onde deus não seja um velho hebreu
aprisionado no obscurantismo
a assisti coca-cola bebendo tv

um futuro
onde os senhores da guerra odeiem troia
ante a lágrima concreta duma pessoa-mundi
tal qual um rinoceronte
a discutir ingrid bergman
mirando uma cornocopia no espelho

um futuro
 onde a política oficial
abomine o anti-massa que não soluça
e grite na fome da carne
soluções de um louco sano

um futuro
onde betinhos, chicos mendes,
madres teresas e ghandis
não sejam uma fotografia empoeirada
crucificada na alma
do mais valente revolucionário

quanto a eros e psiquê...
em meu futuro de imagens aladas
o sexo mucoso da fêmea
nefertites-mulheres...
me arrebentem o peito
na hindu-forma
do meu falo poético

que a divindade abençoe
o touro e o muro


         Íntimo porvir

                    E quando o futuro chegar
               sei que ao menos
           perdida no acaso
          palavra ou outra
           inda há de restar.
              Então eu escrevo!
                      Que esses versos simples   
                               permaneçam
                                   Incorrosíveis.
                                        Soltos, leves,
                                          ainda que no vago.
                                           No escuro do vácuo...
                                          Ora, dirás Drummond:
                                        no meio do caminho
                                     tinha uma pedra.
                             Talvez no futuro haja pedra,
                       mas não haja caminho.
                   Então eu caminho!
                E quero comigo
             toda paz de espírito.
            Na mala apenas palavra.
           É ela o espírito.
         E o tempo de paz,
        já não tenho comigo.
        Mas há tempo quando chega o porvir
         ou o que resta é essência?
          Sem saber eu desnudo.
           Deixo na estrada a aparência,
             e sigo em frente
                no relógio do mundo.
                     Na escada, no muro
                           no que restar de futuro:
                              se preciso for,
                                 me cubro,
                                   e até n’algum corpo
                                    encontro um caminho.
                                       Que seja doce
                                         o caminho.
                                          E te juro,
                                          valerá a pena
                                           o que vier no futuro.